Sempre foi o lema cá em casa... Já vem dos nossos antepassados e seus descendentes.
Lembrar que o avô fazia canções de flatulências, ou o primo que no meio da conversa "larga" um ponto final, até mesmo nos almoços de domingo ter de passar pela porta da casa de banho com uma máscara antigás, ou ver um tio a correr para a sanita, é o nosso dia-a-dia.
Mas a coisa mudou. Bastou ficar grávida, para o ritual da manhã mudar e não conseguir sair de casa mais aliviada e leve, a saltitar de nenúfar em nenúfar!
Qual enjoos, qual quê! Esses nunca os senti! Agora prisão de ventre!!! Essa foi muita... Foi tanta que ainda hoje sofro e por mais bifidus activus que beba, o trânsito intestinal teima em estar lento e a sensação de barriga inchada veio para ficar!!!!
Quando "explodi" a Paxulé, ainda na maternidade, o Dr. Vítor ficou impressionado com o tamanho da minha pança e depois de me examinar, conclui-o:
- Bem... Isto são tudo gases que têm de vir cá para fora. Ouves isto? - Batendo na barriga - Até podes fazer músicas, parece um tambor! – Riu-se.
Lá viemos para casa cheios de medicamentos, que fossem capazes de largar gases...
Mais os pensos xxl e as cuecas-fraldas etc e tal. Aquilo era uma orquestra lá em casa!
Fiz de tudo, o que há para fazer, exercício físico, comi alimentos ricos em fibras, cheguei a beber 3 litros de água por dia (parecia um aquário), aveia ao pequeno-almoço, ameixas, um copo de água quente logo quando acordo, famoso laevolac, que me acompanha desde o terceiro mês de gravidez...... Mas a prisão de ventre ficou e está a demorar a bazar.
... Mas tal como eu, sofre a Paxulé!!!
De punho erguido, lá “vomitava” aquele choro estridente, gritado e aflitivo... com as pernas esticadas, a barriga dura ou oca… Tinham chegado as faladas cólicas. Uns phones para proteger os nossos ouvidos, nessas alturas, nem é mal pensado.
Estratégias de colo ou a recriação do ambiente uterino, as massagens, os sons do shhh, do aspirador, da ventoinha etc., o saquinho de água quente, ou o saco das sementes na barriga, o famoso bebe gel e a estimulação, os areo-on, infacol, infacalm, gripe water, muito carinho e dedicação foi a nossa ocupação nos primeiros 4 meses.
- É normal Vanessa, um bebé que mame ao peito, até pode ficar uma semana sem fazer cocó. Não te preocupes, isso passa - Diziam no Centro.
Porra, nunca deixei que isso acontecesse! Imaginem, ficarem uma semana sem cagar?! Livra!
De três em três dias, no máximo, lá recorríamos ao Melilax, um laxante natural de mel, e, pimba passado uns minutos lá se ouvia a chegada da Sra. Cagada!!!
Ficávamos todos contentes e a Paxulé ria e ria e depois dormia. O descanso familiar reinava nessa noite.
No dia seguinte, tudo recomeçava...
Amigos e parentes, carinhosamente diziam:
- Vais ver, que quando ela começar a comer sopa, vai fazer muitos cocóoss!!!!
Acreditei. Fazíamos contagem decrescente para o dia da primeira sopa. Ansiosos, para que os legumes fizessem o seu trabalho...mas dia chegou e nada!
Comia, comia e comia e a fralda sempre limpinha.
-Ó meu Deus! Ela vai explodir! - pensei - vou já falar com a pediatra.
Ok, vamos lá, beber água, muitos legumes verdes, comer papaia, um pouco de sumo de laranja, são as recomendações da médica…
A Paxulé adorou tudo o que experimentou, menos a água que não tem sabor, e ,sempre que lhe damos, franze o sobrolho, fica sem perceber o que fazer com aquele líquido na boca, e deita-o cá para fora!!!
Passaram semanas e o cocó era escasso e muito duro, do género de bolinhas de cabra, ou almôndegas de cocó.
Brr...Trocar a fralda tornou-se num mistério.
Tem ou não tem?!
Quando tem, é uma festa e todos gritam de felicidade, confettis e serpentinas invadem o espaço, quando não tem, uma nuvem negra paira no ar e começa a trovejar… uma verdadeira tempestade!
Agora toma laevolac, como eu, e, ao que parece está a entrar para o padrão familiar regular, pois sempre ouvi dizer que quem muito come, muito caga!
Assim esperamos nós que seja…
E coincidência ou não, enquanto escrevia este post, recebo uma mensagem do pai pinguim;
“Queria fazer uma visita. A tua filha já caga que nem gente grande ;) beijos”